Dificuldade para transformar superioridade em gols quando tudo vai bem faz com que equipe se desgaste para segurar resultado diante de oscilações que se repetiram contra Fortaleza e Bragantino
Um Flamengo que insiste em apresentar suas versões médico e monstro neste início do Brasileirão. E é exatamente isso que deixa o torcedor preocupado mesmo com as três vitórias em quatro partidas. Os 90 minutos contra o Fortaleza sintetizaram essa bipolaridade de quem é capaz de esboçar uma goleada e acabar sofrendo até o apito final.
Time do Flamengo comemora o gol com homenagem a Gerson — Foto: Pedro Martins
Pegando como roteiro e performance, o 2 a 1 contra os cearenses lembrou muito o 3 a 2 para o Bragantino no último fim de semana. O Flamengo foi dominante boa parte do jogo, criou chances de gols aos montes, não matou e acabou pressionado por um adversário inferior tecnicamente - por mais que ambos sejam muito bem treinados.
O Flamengo de Rogério Ceni dá mostras de um time arrumado, capaz de se impor diante de qualquer adversário, mas que se vê sem saber o que fazer quando o outro time apresenta um antídoto. Foi assim quando Barbieri colocou uma linha de cinco para tirar profundidade no último sábado. Foi assim quando Vojvoda abriu mão de Tinga como terceiro zagueiro e puxou Pikachu mais para o meio-campo no intervalo na noite de quarta-feira.
Rogério Ceni na vitória sobre o Fortaleza, no Maracanã — Foto: Alexandre Vidal / CRF
A frieza das estatísticas mostra um Flamengo dominante com 62% de posse de bola e 19 finalizações. Realmente, foi um time que apresentou um volume de jogo absurdo, mas com uma oscilação muito grande do primeiro para o segundo tempo.
Flamengo x Fortaleza
- Posse de bola: 62% x 38%
- Finalizações: 19 x 10
- Escanteios: 11 x 2
- Faltas cometidas: 18 x 15
- Passes trocados: 501 x 277
- Acertos nos passes: 82% x 75%
Falando dos 45 minutos iniciais, o time de Rogério Ceni foi irrepreensível. Com marcação alta, deixava o Fortaleza atordoado na saída de bola e parecia um rolo compressor. Os dois gols de Bruno Henrique deram uma vantagem justa para um time soberano em campo e que merecia mais, vide chance claríssima perdida por Michael.
Na descida para o vestiário, a impressão era de que a vitória estava garantida e restaria ao Fortaleza evitar uma goleada. Não foi o que aconteceu, principalmente com o gol aos 14 segundos da etapa final.
Os visitantes entraram no jogo e o que se viu foi um segundo tempo equilibrado e com o Flamengo mais preocupado em não sofrer o empate do que em retomar as rédeas da partida. O desenho da partida até permitiu bons contra-ataques, Gerson e Matheuzinho chegaram bem próximo do terceiro gol, mas o Fortaleza foi perigoso até o fim.
Se a versão médico do Flamengo sofre para ser letal e construir vantagens que permitam uma vitória mais folgada, a versão monstro parece não dar brecha para que se tenha a tranquilidade necessária de ao menos controlar as ações. É emoção o tempo inteiro. Altos e baixos que não podem ser tão constantes para quem quer ser tricampeão.