Foi preciso bem pouco tempo após o afastamento do presidente da CBF, Rogério Caboclo, para que se formasse o primeiro consenso entre as pessoas que vão tomar as decisões na confederação: Tite deve permanecer no comando da seleção brasileira. O trabalho do treinador é muito bem avaliado .
Além disso, os dirigentes com ascendência sobre o presidente interino da CBF, Antonio Carlos Nunes, consideram que o comportamento do técnico foi correto ao longo desta semana marcada por crises. O fato de Tite contar com o apoio unânime e declarado entre os jogadores da seleção, como ficou evidente nos últimos dias, também pesa.
As lideranças do grupo que vai assumir a CBF depois da saída de cena de Caboclo entendem que a continuidade de Tite é o melhor caminho possível para não por em risco a classificação do Brasil para a Copa de 2022, no Catar. Raciocínio semelhante vale para Pia Sundhage e a seleção feminina.
A outra frente em que a "nova" CBF já trabalha é para viabilizar a realização da Copa América no Brasil. No entendimento dos dirigentes que vão conduzir a transição política após a queda de Rogério Caboclo, a CBF deve manter boas relações tanto com a Conmebol e as demais federações de futebol do continente (que querem jogar a Copa América) quanto com o governo brasileiro.
Como o ge mostrou, houve uma reunião no último sábado entre dirigentes da Conmebol com a participação do presidente Jair Bolsonaro, na qual ele demonstrou o apoio do governo ao torneio. Na CBF, a avaliação é que a saída de cena de Rogério Caboclo e o respaldo público a Tite tornam mais fácil convencer os jogadores da importância de disputar a Copa América.
Antes disso, o Brasil entra em campo pelas Eliminatórias. A seleção, que tem tem 15 pontos em 15 possíveis, enfrenta o Paraguai em Assunção, nesta terça-feira, às 21h30 (de Brasília).
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Rogério Caboclo, presidente afastado da CBF — Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
Nas últimas semanas ficou claro que havia problemas entre Caboclo e a comissão técnica e os jogadores da Seleção. Na noite da última quinta-feira, véspera do jogo contra o Equador, o dirigente proibiu Casemiro, capitão da seleção brasileira, de participar da entrevista coletiva – o que o deixou contrariado.
Momentos antes daquela partida, Caboclo foi ao vestiário da seleção e tentou discursar. O evento, descrito como grotesco, foi rapidamente encerrado pelos protagonistas da seleção. Ele tentou sugerir que os jogadores não dessem entrevista coletiva, o que os enfureceu.
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